26 de out. de 2007

Ossário: repressão e intervenção


Faz muito tempo que a paisagem urbana das cidades de todo o mundo são suporte para diferentes tipos de comunicação visual. Vemos em todos os cantos desde elaborados outdoors de grandes agências de publicidade até simples cartazes caseiros, passando por toda a gama de pichações e grafites. Nesse contexto, muitos artistas fazem do grafite e outras intervenções na paisagem urbana sua forma de fazer arte.

Qualquer arte que intervém, que incomoda, nem sempre é bem aceita, e a repressão é então chamada à ação. É um clichê falar da repressão policial aos grafiteiros, e a discussão sobre a validade ou não dessa repressão em especial não cabe aqui. O interessante é perceber o funcionamento da repressão aos elementos perturbadores, mesmo quando a intervenção em questão não cabe dentro das justificativas e criminalizações usuais.

Reverse graffiti

Um bom estudo de caso é a obra de reverse graffiti
(link em inglês) Ossário do brasileiro Alexandre Orion. Durante noites de trabalho a fio, ele removeu fuligem das paredes de um túnel em São Paulo, formando o desenho de dezenas de caveiras. Limpando seletivamente, criou uma imagem de impacto na paisagem urbana, denunciando a poluição ambeintal da grande cidade.

Segundo o artista, era abordado pela polícia várias vezes a cada noite de trabalho, confundido com grafiteiros. Esses encontros não eram lá muito amistosos, mas Alexandre conseguiu continuar com sua obra após explicar repetidas vezes que estava limpando, e não "sujando", propriedade pública, o que não constitui crime e, logo, não deveria ser reprimido. Assim, a perturbadora fileira de caveiras ganhou forma e número, apesar das várias visitas da polícia e do departamento de trânsito da cidade de São Paulo. Segundo o relato do artista, após perceberem o que ele estava fazendo, alguns policiais até apoiaram sua obra.

O fim de Ossário

A obra foi realizada durante duas semanas, começando em 13 de julho de 2006, no túnel que liga a Av. Europa e a Cidade Jardim. Após duas semanas de incessante trabalho noturno, Ossário tinha 160 metros de extensão. Sua denúncia da mortífera poluição urbana ganhava contornos cada vez mais provocativos aos olhos das autoridades. Finalmente, o túnel foi limpado pela prefeitura, mas apenas onde estava a intervenção, o restante permanecendo sujo. A limpeza da prefeitura foi claramente um gesto de censura, apagando a intervenção e deixando o túnel ainda sujo, como deve ser. Quase uma reverse censura.

Insistente, em 13 de agosto de 2006, Alexandre continuou a remover fuligem e desenhar caveiras, já que ainda tinha sua matéria prima à disposição. No entanto, assim que a obra alcançou 120 metros de extensão, uma equipe conjunta da Polícia Militar e da Prefeitura veio e limpou todo o túnel. Para não correr novos riscos, foram limpos todos os outros túneis da cidade.

Para terminar, fica aqui o vídeo disponibilizado pelo artista em seu site.



Opine!
Enric "Grama" Llagostera

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Sobre o mídia sem máscara.

Mídia sem máscara é um site destinado ao pensamento conservador. Entre seus quadros o expoente é o filósofo Olavo de Carvalho, e traz os artigos mais diversos. Sempre dou uma passada pelo site e tal, poucas vezes concordo com algo mas é sempre bom conhecer o pensamento veiculado lá. Certa vez encontrei um texto chamado "As origens satânicas do comunismo". Achei hilário, li e me diverti. Mostrei para o Grama que teve a mesma reação, somada a um leve espanto. Ok.

Até então o MSM era só um site de política com um viés de direita, ótimo, não me incomodava, muito pelo contrário só achava ele ruim - como normalmente também são ruins os sites da esquerda militante. Entretanto há alguns meses vi um vídeo no youtube chamado "Volta CCC" é o clipe de uma banda que pede a volta do comando de caça aos comunistas, da ditadura e exalta a morte de Herzog. Asqueroso.

Tal clipe veicula propaganda do Mídia Sem Máscara. No momento pensei, "sacanagem, um bando de muleques imbecis metidos a nazistinha faz o bagulho e agora querem zuar os caras e tal". De certa forma nunca tinha encontrado nada no MSM defendendo a caça aos comunistas. Fugindo da canalhice mandei uma mensagem ao MSM falando desse vídeo, que mesmo não aparentando ser da autoria deles associava o site a coisas que não imaginava que eles apoiassem. Não recebi nenhuma resposta. Reenviei a mensagem umas 2 vezes e nada. Só tirei uma conclusão, o mídia sem máscara compactua com os valores transmitidos pelo vídeo e pela música e que são de dar nojo.

O vídeo está abaixo, é auto-explicativo.


cae.

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24 de out. de 2007

Postando por postar

Já repararam a quantidade de Reitorias sendo ocupadas esse ano? Só no Centro de Mídia Independente são 14 marcadores diferentes, organizados pelo nome da universidade. Se não me engano a Reitoria da UFBA continua opucada... Isso sem contar as universidades particulares.

Isso é resultado de um ano atípico? Não consigo interpretar esses números...

Douglas

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