Faz muito tempo que a paisagem urbana das cidades de todo o mundo são suporte para diferentes tipos de comunicação visual. Vemos em todos os cantos desde elaborados outdoors de grandes agências de publicidade até simples cartazes caseiros, passando por toda a gama de pichações e grafites. Nesse contexto, muitos artistas fazem do grafite e outras intervenções na paisagem urbana sua forma de fazer arte.
Qualquer arte que intervém, que incomoda, nem sempre é bem aceita, e a repressão é então chamada à ação. É um clichê falar da repressão policial aos grafiteiros, e a discussão sobre a validade ou não dessa repressão em especial não cabe aqui. O interessante é perceber o funcionamento da repressão aos elementos perturbadores, mesmo quando a intervenção em questão não cabe dentro das justificativas e criminalizações usuais.
Reverse graffiti
Um bom estudo de caso é a obra de reverse graffiti (link em inglês) Ossário do brasileiro Alexandre Orion. Durante noites de trabalho a fio, ele removeu fuligem das paredes de um túnel em São Paulo, formando o desenho de dezenas de caveiras. Limpando seletivamente, criou uma imagem de impacto na paisagem urbana, denunciando a poluição ambeintal da grande cidade.
Segundo o artista, era abordado pela polícia várias vezes a cada noite de trabalho, confundido com grafiteiros. Esses encontros não eram lá muito amistosos, mas Alexandre conseguiu continuar com sua obra após explicar repetidas vezes que estava limpando, e não "sujando", propriedade pública, o que não constitui crime e, logo, não deveria ser reprimido. Assim, a perturbadora fileira de caveiras ganhou forma e número, apesar das várias visitas da polícia e do departamento de trânsito da cidade de São Paulo. Segundo o relato do artista, após perceberem o que ele estava fazendo, alguns policiais até apoiaram sua obra.
O fim de Ossário
A obra foi realizada durante duas semanas, começando em 13 de julho de 2006, no túnel que liga a Av. Europa e a Cidade Jardim. Após duas semanas de incessante trabalho noturno, Ossário tinha 160 metros de extensão. Sua denúncia da mortífera poluição urbana ganhava contornos cada vez mais provocativos aos olhos das autoridades. Finalmente, o túnel foi limpado pela prefeitura, mas apenas onde estava a intervenção, o restante permanecendo sujo. A limpeza da prefeitura foi claramente um gesto de censura, apagando a intervenção e deixando o túnel ainda sujo, como deve ser. Quase uma reverse censura.
Insistente, em 13 de agosto de 2006, Alexandre continuou a remover fuligem e desenhar caveiras, já que ainda tinha sua matéria prima à disposição. No entanto, assim que a obra alcançou 120 metros de extensão, uma equipe conjunta da Polícia Militar e da Prefeitura veio e limpou todo o túnel. Para não correr novos riscos, foram limpos todos os outros túneis da cidade.
Para terminar, fica aqui o vídeo disponibilizado pelo artista em seu site.
Qualquer arte que intervém, que incomoda, nem sempre é bem aceita, e a repressão é então chamada à ação. É um clichê falar da repressão policial aos grafiteiros, e a discussão sobre a validade ou não dessa repressão em especial não cabe aqui. O interessante é perceber o funcionamento da repressão aos elementos perturbadores, mesmo quando a intervenção em questão não cabe dentro das justificativas e criminalizações usuais.
Reverse graffiti
Um bom estudo de caso é a obra de reverse graffiti (link em inglês) Ossário do brasileiro Alexandre Orion. Durante noites de trabalho a fio, ele removeu fuligem das paredes de um túnel em São Paulo, formando o desenho de dezenas de caveiras. Limpando seletivamente, criou uma imagem de impacto na paisagem urbana, denunciando a poluição ambeintal da grande cidade.
Segundo o artista, era abordado pela polícia várias vezes a cada noite de trabalho, confundido com grafiteiros. Esses encontros não eram lá muito amistosos, mas Alexandre conseguiu continuar com sua obra após explicar repetidas vezes que estava limpando, e não "sujando", propriedade pública, o que não constitui crime e, logo, não deveria ser reprimido. Assim, a perturbadora fileira de caveiras ganhou forma e número, apesar das várias visitas da polícia e do departamento de trânsito da cidade de São Paulo. Segundo o relato do artista, após perceberem o que ele estava fazendo, alguns policiais até apoiaram sua obra.
O fim de Ossário
A obra foi realizada durante duas semanas, começando em 13 de julho de 2006, no túnel que liga a Av. Europa e a Cidade Jardim. Após duas semanas de incessante trabalho noturno, Ossário tinha 160 metros de extensão. Sua denúncia da mortífera poluição urbana ganhava contornos cada vez mais provocativos aos olhos das autoridades. Finalmente, o túnel foi limpado pela prefeitura, mas apenas onde estava a intervenção, o restante permanecendo sujo. A limpeza da prefeitura foi claramente um gesto de censura, apagando a intervenção e deixando o túnel ainda sujo, como deve ser. Quase uma reverse censura.
Insistente, em 13 de agosto de 2006, Alexandre continuou a remover fuligem e desenhar caveiras, já que ainda tinha sua matéria prima à disposição. No entanto, assim que a obra alcançou 120 metros de extensão, uma equipe conjunta da Polícia Militar e da Prefeitura veio e limpou todo o túnel. Para não correr novos riscos, foram limpos todos os outros túneis da cidade.
Para terminar, fica aqui o vídeo disponibilizado pelo artista em seu site.
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Enric "Grama" Llagostera
Enric "Grama" Llagostera