Testo retirado da revista da Folha. Link original aqui. Só para assinantes...
por Vitor Angelo
Reza a lenda que futebol é esporte de macho, e acho que foi esse canto da sereia que levou o juiz Junqueira Filho a classificá-lo como "jogo viril, varonil, não homossexual", arquivando, no dia 5 de junho, o caso do jogador são-paulino Richarlyson contra o diretor administrativo do Palmeiras, que teria insinuado que o atleta é gay.
No entender do juiz, não existe bicha no futebol, caso encerrado. Na sentença, ele profere: "Não que um homossexual não possa jogar bola. Pois que jogue, querendo". E dá uma dica amiga: "Mas forme seu time e inicie uma federação". É claro que, depois dessa , fiquei imaginando como seria um torneio gay de futebol.
O uniforme, obviamente, teria cores berrantes, já que viado adora aparecer. Mas o time "heterossexual" da Holanda já tem seu laranja "cheguei", então não vale.
Bom, talvez alguns times usassem salto alto. Opa, mas isso já existe no futebol macho. Basta lembrar a seleção canarinho na Copa de 2006, toda de salto 15, segundo especialistas. No campeonato gay poderíamos ser mais calorosos, cair nos braços do colega para comemorar o gol. Mas isso também acontece no futebol hétero. Pensando bem, não existiria grande diferença entre o futebol dos varonis e o das bichas.
Longe de mim desrespeitar a opinião do nobre juiz, mas separar o esporte por orientação sexual não é a base da idéia de gueto? Olha que nos livros de história isso gerou conseqüências desastrosas na Europa a partir da década de 30.
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