4 de set. de 2007

Análise da semana: revista veja

Analiso dessa vez a entrevista de João Doria Jr, empresário organizador do "Cansei", concedida à revista Veja de 29 de agosto de 2007. Passo os dados da edição, copio um trecho da entrevista e por fim faço meus comentários. Abraços a todos, Cae.
Revista Veja
Ed.2023 Ano 40 N. 34
29/08/2007
R$ 8,40
Tiragem 1.223.154
Páginas 158 (6 dessas páginas interna àqueles anúncios que se abrem em várias páginas)
86 páginas inteiras de propagada, sendo 2 de propagandas estatais (Nossa Caixa/Nosso Banco e Governo do Estado de São Paulo)
Somam-se a essas páginas 4 anúncios de 1/2 página e 5 anúncios de 1/3 de página.
Entrevista de João Dória Júnior:
comentado a reação ao movimento Cansei.
Veja - O senhor ficou surpreso com essa reação?
J.D.Jr - Da parte do governo, nós não esperávamos que ela viesse com tanta força, memo porque o "Cansei" não foi feito para ser um movimento de oposição ao governo Lula. É um movimento pelo Brasil. Mas essa reação do governo acabou permeando parte da mídia, mesmo aquela formada por jornalistas competentes, ilustres e com DNA democrático e que talvez pela falta do exercício da crítica acabaram também incorporando o movimento como algo golpista: "ah, vocês são contra o Lula, contra o pobre imigrante que veio para o sul a na carroceria de um caminhão..."
----------------------COMENTÁRIO----------------------------------------------------------
João Dória tem todo o direito de organizar um movimento a favor do que acha certo, é algo legítimo e coerente com o estado de direito. A elite econômica brasileira também tem, obviamente, todo o direito de protestar. Já comentei o movimento aqui, e não gostaria de comentá-lo de novo mas a entrevista da Veja me trouxe a isso. Acho um movimento supereestimado por todos os lados justamente. Quantas vezes vimos tamanha cobertura a marcha que reúne 2 mil pessoas? Pouquíssimas. O que mostra que pra grande parte da mídia a força de um movimento não está no número de pessoas que participa dele, mas sim quais pessoas, e a que interesses atendem.
Por que essas pessoas não evidenciam seus interesses? Pô, vir falar que não é um movimento de oposição e ainda ressaltar com um ufanista "é um movimento pelo Brasil" é duvidar da inteligência de muita gente, pra não dizer estelionato político. Em dado momento da entrevista Dória Jr. fala que os ricos tendem a se omitirem. Isso é uma mentira deslavada, o topo da pirâmide sócio-econômica nunca será omisso, sempre influirá no poder, é o espaço de ação política deles; não venha me dizer que a FIESP é omissa.
Como podem estar cansados se suas pretensões políticas são sempre contra o que é público, contra o bem comum. Basta lembrar as críticas quando foi inaugurado o corredor de ônibus na rebouças, em São Paulo, consideravam um absurdo, um escandâlo, na cabeça de tais indivíduos seria inconcebivel privilegiar o público ao invés do privado.
Enfim João Dória Jr. é assim, digno do movimento a que lidera. Se orgulha de trabalhar 17 horas por dia e de fazer passeios com cachorrinhos. E entre suas falas comete um lapso revelador de seus ideias e princípios. Ah os lapsos, quantas coisas revelam, ao utilizar o termo imigrante para se referir aos migrantes nordestinos que vêem a São Paulo Dória Jr. se vê justamente em outro país, o sul contra o resto, prega a divisão acirrada. Imigrar, segundo o Aurélio, é entrar num país estranho para nele viver, é usado praquele que vem de fora, que não faz parte daquele meio. O Brasil de Dória, e que ele diz ser defendido pelo seu movimento, é tão somente aquele do sul sendo que todo o resto é só um peso. É a elite tupiniquim: mesquinha, provinciana, que quer a democracia sem povo e no auge de sua mediocridade se vê no topo do mundo.

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