28 de jan. de 2008

Reinaldo e as baratas

(...) Aquele pobre rapaz ganha um pouco de visibilidade às minhas custas? Eu sei disso. Está no preço. Não fui eu que dei o troco, não. Foram vocês. Afinal, qual era mesmo a tese do meliante? Vocês não existiam: entre um post e outro, eu mesmo redigiria os comentários, não é?


Foi esmagado. Como uma barata. Porque é uma barata.(...)


Dois pontos:

Esse escrito acima é trecho de um post de 21/1  assinado por Reinaldo Azevedo em seu blog. Ele está se referindo, nunca pelo nome, a Luis Nassif. Ambos estão na liderança da disputa pelo prêmio Ibest na categoria "Política" e seus seguidores travam uma luta voraz pra ver quem vai levar o troféu. 

Em 1994, por sua vez, Ruanda viveu um genocidio de proporções inimagináveis. Hutus extremistas decidiram que, para acabar com os problemas políticos do país, exterminariam os tutsis e hutus que lhes fizessem oposição. Estima-se que 1 milhão de pessoas morreram sem contar as que foram torturadas, estupradas, etc. Num dado momento hutus passam a se referir aos tutsis como baratas. Parece algo besta, banal, mas não é. 


Segue...

Quero demonstrar, relacionando esses dois fatos, o quanto trabalhar para a perda simbólica da humanidade de um adversário político é ponto fundamental de um pensamento autoritário. Não enxergar no outro características humanas permite a realização de atos que, contra um semelhante, seriam inconcebíveis. Quando hutus reconhecem tutsis como baratas ele se permitiem a tratá-los como tais.

Não digo de aceitar o ideal do outro e tomá-lo para si mas, num regime democrático minimamente consolidado, deve haver um ponto de respeito mútuo ao menos. Também não penso que Reinaldo queira tirar um facão e arrancar a cabeça de Nassif e estuprar sua esposa e filhas - claro que não. Quero dizer tão somente que determinado tratamento utilizado demonstra qual a disposição à democracia de Reinaldo e da Veja, veículo de comunicação que o dá suporte. . 


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