Essa matéria é de terça feira.
Docentes da USP encerram greve e são vaiados por alunos
Grupo de estudantes tumultuou a assembléia, e um deles chutou repórter-fotográficoDocentes se disseram satisfeitos com decreto de Serra sobre autonomia das universidades e com proposta de reajuste de 3,37%
ROGÉRIO PAGNANDA REPORTAGEM LOCAL
Irritado com a decisão dos professores da USP de suspender a greve que durava 19 dias, um grupo de alunos tumultuou a assembléia dos docentes realizada ontem em São Paulo com vaias e xingamentos e, ainda, com agressão a um repórter-fotográfico da Folha que registrava a manifestação.As vaias ocorreram após a votação -às 12h50 na faculdade de geografia- que decretava o fim do movimento e ignorava o apelo dos alunos (parte que invadiu a reitoria há 40 dias) pela manutenção do protesto.Um estudante chegou a empunhar uma nota de R$ 1 e dizer que os docentes queriam seu dinheiro, insinuando que o motivo do fim da greve foi a obtenção do reajuste salarial.O repórter-fotográfico Rodrigo Paiva foi chutado por um aluno (identificado como Yuri) após fotografar os manifestantes. Outro estudante, identificado como Fábio Brant, ameaçou quebrar o equipamento dele caso não apagasse as fotos.Paiva fez boletim de ocorrência sobre a agressão no 93º DP (Distrito Policial), no Jaguaré. "Ele veio fotografando a gente sem motivo", disse Yuri.A suspensão da greve pelos professores era desenhada desde a semana passada, quando a categoria aprovou o indicativo para finalizar a paralisação.Eles ficaram satisfeitos com o decreto do governador José Serra, que afirma garantir a autonomia das universidades públicas, e, ainda, com a proposta de reajuste salarial de 3,37%."Acho que esse movimento teve ganhos concretos, objetivos, palpáveis, e, agora, você precisa medir: é possível ir além com a força que nós temos? A avaliação foi que, neste momento, não", afirmou o vice-presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP), Francisco Miraglia. Ele achou inapropriada a ação dos alunos.Ontem, a maioria dos 171 professores levantou a mão pelo encerramento da greve, e a categoria volta às aulas a partir de hoje. Nesse tipo de votação, não há contagem de votos quando há indiscutível vantagem de uma das propostas. A USP tem 5.222 professores.Os alunos que protestaram ontem não quiseram falar com os jornalistas. Uma assembléia deve ser realizada hoje para decidir os rumos do movimento.Em assembléia, os funcionários decidiram ontem manter a greve. Eles dizem que não vão abandonar os estudantes "sozinhos na luta". Nova assembléia deve ser realizada hoje.Na Unicamp, professores decidiram ontem, em assembléia geral, seguir em greve. Haverá outra reunião na quinta. Segundo a Unicamp, docentes e funcionários estão parados em quatro das 20 unidades.
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