Começa hoje uma conferência na cidade norte americana de Annapolis focada em estabelecer metas para a paz no Oriente Médio. 50 países participam da conferência no que parece mais ser uma panhado de gente na tentativa de viabilizar politicamente as reuniões visto que até alguns dias atrás não se sabia nem direito quais nações estariam representadas no encontro. Bush, Olmert e Abbas estarão lá.
Possibilidade de paz?
Spinoza que além de possuir um belo corte de cabelo (como podem notar na imagem ao lado) era muito sábio certamente teria receio ao pensar em direito internacional notando que nesses casos o válido é o direito do mais forte; os Estados comportam-se então como na natureza onde a única regra é a do "peixe maior comer o peixe menor".
Sendo assim, seria ridículo cogitar que tal reunião chegará a algum ponto traduzido em bem comum.
Para ilustrar a situação transcrevo trecho do diálogo entre Atenienses e Mélios relatado por Tucidedes em História da Guerra do Peloponeso. Atenas havia cercado a cidade de Melos e imensamente mais poderosa belicamente oferece um tratado de rendição aos mélios que negam sentindo-se humilhados:
Mélios: Nós também - não duvideis - achamos difícil lutar contra a vossa força e contra a sorte (salvo se ela for imparcial); apesar disto confiamos, com vistas à sorte, em que graças ao favor divino não estaremos em desvantagem, pois somos homens pios enfrentando homens injustos; (...)
Atenienses: (...) Dos deuses nós supomos e dos homens sabemos que, por uma imposição de sua própria natureza, sempre que podem eles mandam. Em nosso caso, portanto, não impusemos esta lei nem fomos os primeiros a aplicar os seus preceitos; encontramo-la vigente e ela vigorará para sempre depois de nós; pomo-la em prática, então convencidos de que vós e os outros, se detentores da mesma força nossa, agiríeis da mesma forma. Logo, no tocante ao favor divino é compreensível que não receemos estar em desvantagem. ) (...)
Os mélios insistem que seus aliados, os lacedômios, virão ajudá-los seja por honra, seja por afinidade étnica. Insistência que os atenienses replicam com: Não percebeis, então, que o interesse próprio anda lado a lado com a segurança, enquanto é perigoso cultivar a justiça e a honra?
A conclusão do conflito: (...) os mélios, agora cercados mais vigorosamente e às voltas com traições havidas entre eles, capitularam diante dos atenienses, deixando a sua sorte à discrição deles; os atenienses mataram todos os mélios em idade militar que capturaram, e reduziram as crianças e mulheres à escravidão; eles mesmos se estabeleceram em melos e mandaram vir de Atenas quinhentos colonos.
Mais Spinoza
aqui o diálogo de melos completo (inglês)
cae
Possibilidade de paz?
Spinoza que além de possuir um belo corte de cabelo (como podem notar na imagem ao lado) era muito sábio certamente teria receio ao pensar em direito internacional notando que nesses casos o válido é o direito do mais forte; os Estados comportam-se então como na natureza onde a única regra é a do "peixe maior comer o peixe menor".
Sendo assim, seria ridículo cogitar que tal reunião chegará a algum ponto traduzido em bem comum.
Para ilustrar a situação transcrevo trecho do diálogo entre Atenienses e Mélios relatado por Tucidedes em História da Guerra do Peloponeso. Atenas havia cercado a cidade de Melos e imensamente mais poderosa belicamente oferece um tratado de rendição aos mélios que negam sentindo-se humilhados:
Mélios: Nós também - não duvideis - achamos difícil lutar contra a vossa força e contra a sorte (salvo se ela for imparcial); apesar disto confiamos, com vistas à sorte, em que graças ao favor divino não estaremos em desvantagem, pois somos homens pios enfrentando homens injustos; (...)
Atenienses: (...) Dos deuses nós supomos e dos homens sabemos que, por uma imposição de sua própria natureza, sempre que podem eles mandam. Em nosso caso, portanto, não impusemos esta lei nem fomos os primeiros a aplicar os seus preceitos; encontramo-la vigente e ela vigorará para sempre depois de nós; pomo-la em prática, então convencidos de que vós e os outros, se detentores da mesma força nossa, agiríeis da mesma forma. Logo, no tocante ao favor divino é compreensível que não receemos estar em desvantagem. ) (...)
Os mélios insistem que seus aliados, os lacedômios, virão ajudá-los seja por honra, seja por afinidade étnica. Insistência que os atenienses replicam com: Não percebeis, então, que o interesse próprio anda lado a lado com a segurança, enquanto é perigoso cultivar a justiça e a honra?
A conclusão do conflito: (...) os mélios, agora cercados mais vigorosamente e às voltas com traições havidas entre eles, capitularam diante dos atenienses, deixando a sua sorte à discrição deles; os atenienses mataram todos os mélios em idade militar que capturaram, e reduziram as crianças e mulheres à escravidão; eles mesmos se estabeleceram em melos e mandaram vir de Atenas quinhentos colonos.
Mais Spinoza
aqui o diálogo de melos completo (inglês)
cae
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