28 de ago. de 2007

Análise da Semana: Revista Veja

De início meu pedido de desculpas, ficaria eu responsável por analisar a edição dessa semana da revista Veja. Entretanto por não contar com R$8,90 decidi, ao invés de adquiri-la no fim de semana, ler o bendito exemplar em alguma biblioteca da UNICAMP. Entretanto notei ser impossível achar o tal nas bibliotecas da universidade, edições antigas são fáceis de encontrar mas as novas são impossiveis, o que fez com que eu me contentasse com a edição do dia 22 de agosto, cuja capa está ao lado. Comento então o editorial da edição, que segue copiado abaixo e, em seguida, minhas palavras:

Editorial Veja ed. 33 ano 40

Quando se empurram as cortinas ideológicas à esquerda e à direita e se esquecem as disputas partidárias sobre de quem é o mérito, se de Lula ou de FHC, o cenário aparece com clareza. E o que ele mostra? Mostra que o Brasil que atravessa a presente crise externa nos mercados financeiros é um país bem mais saudável em comparação com aquele que quase soçobrou sob as ondas de choque de turbulências passadas. Como lembrou há duas semanas Roberto Civita, presidente da Editora Abril, na cerimônia de premiação da 34 edição de Melhores e Maiores da revista Exame: “ Temos uma política econômica consistente e responsável. Uma taxa de inflação que permanece domada há mais de uma década. Exportações que batem sucessivos recordes. Investidores estrangeiros cada vez mais dispostos a colocar seus recursos aqui. Uma bolsa de valores que, apesar dos eventuais solavancos do mercado internacional, mostra um vigor inédito. Temos uma mercado de consumo potencial invejável, recursos naturais em abundância e uma elite empresarial que se supera em competitividade dia após dia”
Pelas razões acima e pela própria natureza da economia de mercado, não há motivo para pânico. As crises do capitalismo trazem em si o germe da própria recuperação. Ela derrubam o preço das ações, dos produtos e das matérias-primas até o ponto em que comprá-los se torna atraente de novo e o ciclo recomeça em sentido positivo. Para aproveitar em sua plenitude tanto os períodos de prosperidade quanto as oportunidades criadas pelas oscilações globais – e não apenas sobreviver a elas -, o Brasil precisa fazer rapidamente as reformas trabalhistas, tributária e previdenciária. Os bons fundamentos da economia ajudam agora o Brasil a se manter à tona na atual crise global de liquidez que está se degenerando em crise financeira e pode virar crise econômica. Mas eles não são suficientes. Só as reformas óbvias podem blindar a prosperidade nacional contra intempéries mais fortes.


---Comentário----------------------------------------------------------------------------------
Não sou um especialista em economia - bem longe disso aliás - então não cabe a mim buscar explicações para essa crise de liquidez, suas causa, consequências, etc. Comento aqui apenas a postura da Veja, em seu editorial, de que não há mais história, não há ideologias em jogo, ou seja teríamos chegado num ponto em que seguindo algumas regras elaboradas por um grupo de economistas, especialistas em matemática financeira e congêneres viveríamos em paz e tranquilidade. Tal visão promete um paraíso onde os distúrbios não existiriam, seriam apenas uma forma de auto-regulação desse próprio sistema de regras. Que o capitalismo se desenvolve por crises cíclicas é sabido, entretanto, do modo como é posto, as crises são apenas uma forma de se ajustar preços, etc, não causando dano mais graves. Nada mais falso, vale lembrar um dos produtos da crise de 29 (aquela lá, célebre): o nazismo.

Dentro dessa visão financeirista do mundo tudo deve se ajustar de forma a preservar os maiores lucros da "elite empresarial que se supera em competitividade dia após dia", aqueles que sabem aproveitar "as oportunidades criadas pelas oscilações globais". Nada contra o lucro, nada mesmo, é a forma de manter investimentos, empregos, desenvolvimento, etc. Tudo contra quando esse lucro fere direitos inalienáveis dos seres humanos. Passe-se a viver para o trabalho, consumindo no fim de semana o que se ganha de segunda a sexta. Modo de vida esse que só agrada aos oportunistas das oscilações globais, especuladores com interesses em tornar a vida um mero espetáculo de perde-ganha; são os mesmos caras que geram a crise onde "as oportunidades criadas" (2) compensam a pobreza gerada.

Concordo que várias reformas devam ser feitas no nosso país afim de que consolidemos ao menos uma república decente, entretanto não concordo com os propósitos que a Veja defende serem seguidos por essas reformas.

Abraços, Caetano.

Dados:

Edição n. 2021 ano 40 n 33
22/08/2007
132 página
51 páginas de propaganda mais 2 anúncios de 1/2 página e 4 de 1/3 de página.
Dessas 51 páginas 2 foram preenchidas com anúncio estatal.

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