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Tropa de Choque despeja ocupação na UNESP-Araraquara
Na madrugada dessa quarta-feira(20), na calada da noite, o prédio da diretoria da Unesp-Araraquara foi desocupado por cerca de 80 soldados da Tropa de Choque. O despejo ocorreu sem reunião dos ocupantes com o comando da polícia militar para programar a saída e durante a madrugada, praxe não utilizada em outros despejos. No local havia cerca de 40 estudantes de diversos cursos, os quais foram levados à 4ª DP. A ocupação ocorreu no dia 13 de Junho em protesto contra a repressão na Unesp e contra os decretos do governador José Serra que ameaçam a autonomia das universidades estaduais. O mandado de reintegração de posse foi entregue de surpresa no dia 15, durante uma reunião de negociação com a diretoria.
A entrada do Campus Júlio de Mesquita Filho foi tomada pelos policiais, que impediam o acesso dos repórteres ao local onde a reintegração estava ocorrendo. Quatro unidades da Unesp ainda estão ocupadas por estudantes nas cidades de Ourinhos, Rio Claro, Assis e Franca. Em nota pública o reitor da Unesp, Marcos Macari, diz que não vai discutir as reivindicações sob pressão e, em tom ameaçador, diz que irá apurar as responsabilidades dos envolvidos e que não hesitará em "recorrer à Justiça para restabelecer o respeito à civilidade, ao diálogo e à razão".
A reitoria da Unesp possui um histórico ofensivo contra as mobilizações estudantis. Em 2005, quinze estudantes do campus de Marília foram expulsos por supostamente terem violados documentos sigilosos durante a ocupação da diretoria local. Em novembro desse mesmo ano, sete estudantes do campus de Franca foram expulsos, após uma perfomance artística de protesto. Dessa forma o reitor Marcos Macari oculta, por trás dos jargões de "civilidade, diálogo e razão", a gestão mais repressora da história da UNESP.
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Alerta Estadual!
A ação repressora na Unesp Araraquara é um aviso aos estudantes das outras universidades estaduais, principalmente as que têm prédios ocupados como forma de protesto. Os estudantes de Araraquara foram pegos de surpresa numa ação marcada por procedimentos incomuns, como o horário impróprio em que foi realizada a reintegração e as dificuldades impostas à imprensa no registro da ação policial. A policia apostou (e ganhou) no elemento surpresa.
A reitoria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) decidiu, na tarde desta terça-feira (19), entrar na Justiça com pedido de reintegração de posse do prédio da diretoria acadêmica, ocupado por estudantes desde segunda-feira (18). Em nota emitida pela assessoria de imprensa, a reitoria disse que ?está tomando as medidas judiciais cabíveis para a preservação do patrimônio público e para a normalização das atividades?, disse também que não vai negociar com os manifestantes.
Na USP, a ocupação da reitoria completa 48 dias sob ameaça constante de reintegração de posse. No final de semana passada, a reitoria ocupada foi palco de um encontro nacional de estudantes, que tirou como indicativo uma nova onda de ocupações de reitoria em agosto e uma marcha nacional até Brasília em defesa do ensino público. Os ocupantes divulgaram uma nota no blog da ocupação, solicitando a reabertura de negociações com a reitoria como condição para desocupar o prédio.
Federais
Nas universidades federais, as ocupações de reitoria se alastram rapidamente. Na Universidade Federal do Espítiro Santo, a reitoria continua ocupada. Na federal do Pará, os estudantes decidiram permanecer em ocupação por tempo indeterminado. A UFPA é a maior federal do país em número de graduandos. Diversas outras federais estão com processos de mobilizacao, tornando-se comum e organizado o método de ação direta e desobediência civil para buscar melhorias concretas na comunidade universitária. Porém, qualquer possibilidade de vitória, seja nas estaduais, seja nas federais, passa pela união das três categorias (estudantes, professores e funcionários).
(original em: http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2007/06/386233.shtml)
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