Interessante ler essa postagem de Reinaldo Azevedo. Não me recordo a data mas não deve fazer mais de uma semana que foi publicada. Concordo pouco com a visão política de Reinaldo mas gosto sempre de lê-lo. Abaixo ele, ferrenho critico das esquerdas, comenta o papel do psol. Como tem a ver com a postagem anterior do blog achei pertinente trazer.
Aqui o Blog do Reinaldo.
Abraços Caetano.
Quem movimenta a política? Pasmem: é o PSOL!
Aqui o Blog do Reinaldo.
Abraços Caetano.
Quem movimenta a política? Pasmem: é o PSOL!
Se vocês quiserem saber a quantas anda a política brasileira, por incrível que pareça, é preciso perguntar ao PSOL. Sim, é isto mesmo: o partidinho comandado por Heloísa Helena se tornou o terror da canaille da política nativa. O que penso do PSOL? Tenho horror a seu ideário, à sua conversa mole sobre socialismo, àquela pletora de soluções fáceis para problemas difíceis que freqüenta o discurso de seus representantes. Mas uma coisa é inegável: o PSOL evidencia a ausência de eixo dos grandes partidos de oposição: PSDB e DEM.
Os dois casos que agitaram o Senado nos últimos tempos, vejam vocês, nasceram de representações ao Conselho de Ética apresentadas pelo PSOL. Agora, o partido encaminhou uma terceira: quer que seja investigada a denúncia de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atuou para defender interesses da Schincariol, que comprara de um seu irmão, o deputado Olavo Calheiros, uma fábrica de tubaína por R$ 27 milhões — o mercado diz que ela valia, no máximo, R$ 10 milhões.
Dependesse dos dois grandes, é bem possível que Roriz tivesse se safado e que Renan não estaria passando, agora, por esse constrangimento. PSDB e DEM viram explodir os dois casos e silenciaram. Ou, pior, falaram: quando Renan fez o seu pronunciamento no Senado, logo depois da primeira matéria da VEJA que evidenciava suas relações promíscuas com um lobista, os senadores pareciam muito satisfeitos. A memória me trai ou Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, chegou a dizer que o depoimento parecia “consistente”, embora, claro, fosse preciso analisar os documentos? Acho que a memória não me trai...
A essa altura, haverá quem diga: “Vejam aí: os radicais se encontram, não é? Reinaldo, o direitista, elogiando o PSOL...” Não é propriamente um elogio. Ainda que o partido esteja em busca de holofotes; ainda que se dedique a compensar a sua anemia teórica com um discurso estridente, o fato inegável é que cumpre a sua função ao exigir que alguns medalhões do Congresso, flagrados em histórias suspeitas, tenham, quando menos, de se explicar nos órgãos competentes.
Nas últimas duas ou três semanas, sem dúvida, PSDB e DEM desempenharam a contento o seu papel. Mas que se note: pegaram carona em ações levadas ao Conselho de Ética que, tenho cá minhas dúvidas, não existiriam se dependesse da ação de ambos. E então cumpriria especular: por que não? A resposta mais óbvia que ocorre a todos é uma só: porque são todos beneficiários das mesmas práticas de Renan. Não tenho como afirmar que assim seja — nem, é claro, como negar. Não custa lembrar que o “todo mundo faz assim” foi a grande tábua de salvação do PT, que mudou espetacularmente a sua moral: migrou do “somos mais éticos do que os outros” para o “não somos mais antiéticos do que os outros”. Mas me parece haver algo mais.
Os dois partidos, em especial o PSDB, atuam de olho na eleição presidencial de 2010 e nas pesquisas de opinião, que apontam a grande popularidade de Lula. Nesse cenário, criar marola, instabilidade, parece contraproducente. O cenário que se afigura mais confortável é apostar que Lula chega ao fim do mandato com a popularidade em bom estado, mas sem poder se candidatar à reeleição (eu tomaria mais cuidado com isso, especialmente se decidirem mudar a regra da reeleição). Sem um candidato governista forte, o pêndulo penderia inexoravelmente para um tucano, que, por sua vez, deve procurar não contrastar excessivamente com o petismo. Então tá.
Nunca vi dar certo uma política que é a negação da própria política. Se Lula se torna o destinador da vida pública brasileira, aos líderes da oposição, com efeito, resta o papel de destinatários de seus desígnios. Lula faz, os grandes da oposição se calam, e o PSOL ocupa o lugar de fazer a má contestação do statu quo — ainda que, nos casos em questão, tenha feito a coisa certa. Não chega a ser um futuro auspicioso.
Os dois casos que agitaram o Senado nos últimos tempos, vejam vocês, nasceram de representações ao Conselho de Ética apresentadas pelo PSOL. Agora, o partido encaminhou uma terceira: quer que seja investigada a denúncia de que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), atuou para defender interesses da Schincariol, que comprara de um seu irmão, o deputado Olavo Calheiros, uma fábrica de tubaína por R$ 27 milhões — o mercado diz que ela valia, no máximo, R$ 10 milhões.
Dependesse dos dois grandes, é bem possível que Roriz tivesse se safado e que Renan não estaria passando, agora, por esse constrangimento. PSDB e DEM viram explodir os dois casos e silenciaram. Ou, pior, falaram: quando Renan fez o seu pronunciamento no Senado, logo depois da primeira matéria da VEJA que evidenciava suas relações promíscuas com um lobista, os senadores pareciam muito satisfeitos. A memória me trai ou Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, chegou a dizer que o depoimento parecia “consistente”, embora, claro, fosse preciso analisar os documentos? Acho que a memória não me trai...
A essa altura, haverá quem diga: “Vejam aí: os radicais se encontram, não é? Reinaldo, o direitista, elogiando o PSOL...” Não é propriamente um elogio. Ainda que o partido esteja em busca de holofotes; ainda que se dedique a compensar a sua anemia teórica com um discurso estridente, o fato inegável é que cumpre a sua função ao exigir que alguns medalhões do Congresso, flagrados em histórias suspeitas, tenham, quando menos, de se explicar nos órgãos competentes.
Nas últimas duas ou três semanas, sem dúvida, PSDB e DEM desempenharam a contento o seu papel. Mas que se note: pegaram carona em ações levadas ao Conselho de Ética que, tenho cá minhas dúvidas, não existiriam se dependesse da ação de ambos. E então cumpriria especular: por que não? A resposta mais óbvia que ocorre a todos é uma só: porque são todos beneficiários das mesmas práticas de Renan. Não tenho como afirmar que assim seja — nem, é claro, como negar. Não custa lembrar que o “todo mundo faz assim” foi a grande tábua de salvação do PT, que mudou espetacularmente a sua moral: migrou do “somos mais éticos do que os outros” para o “não somos mais antiéticos do que os outros”. Mas me parece haver algo mais.
Os dois partidos, em especial o PSDB, atuam de olho na eleição presidencial de 2010 e nas pesquisas de opinião, que apontam a grande popularidade de Lula. Nesse cenário, criar marola, instabilidade, parece contraproducente. O cenário que se afigura mais confortável é apostar que Lula chega ao fim do mandato com a popularidade em bom estado, mas sem poder se candidatar à reeleição (eu tomaria mais cuidado com isso, especialmente se decidirem mudar a regra da reeleição). Sem um candidato governista forte, o pêndulo penderia inexoravelmente para um tucano, que, por sua vez, deve procurar não contrastar excessivamente com o petismo. Então tá.
Nunca vi dar certo uma política que é a negação da própria política. Se Lula se torna o destinador da vida pública brasileira, aos líderes da oposição, com efeito, resta o papel de destinatários de seus desígnios. Lula faz, os grandes da oposição se calam, e o PSOL ocupa o lugar de fazer a má contestação do statu quo — ainda que, nos casos em questão, tenha feito a coisa certa. Não chega a ser um futuro auspicioso.
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