26 de mai. de 2007

Invasão na USP atrasa obras e contratações, diz reitoria.

FÁBIO TAKAHASHI da Folha de S.Paulo

A reitoria da USP afirma que a invasão dos estudantes no prédio central da universidade, que já dura 23 dias, irá atrasar reformas de unidades e contratação de professores --duas das 17 reivindicações dos alunos.
Um dos processos parados é a reforma da cobertura do prédio da Geografia, que integra a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). A unidade sofreu uma inundação em março, quando uma tubulação se rompeu durante uma forte chuva. Foram feitos reparos pontuais, mas há a previsão de uma reforma mais ampla na unidade. "O contrato está pronto para ser assinado. Mas ele está lá dentro da reitoria", disse à Folha o vice-reitor, Franco Maria Lajolo. Outra obra que sofrerá atraso, segundo Lajolo, é a construção de salas de aula em um anexo do prédio da Letras, também na FFLCH.
Como a documentação está dentro da reitoria, a licitação está parada. No prédio que está ocupado pelos estudantes funcionam os departamentos de recursos humanos, jurídico, de manutenção do espaço físico, entre outros --além dos gabinetes dos pró-reitores e da reitora Suely Vilela. Ela tem despachado no Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), que fica dentro da Cidade Universitária (zona oeste de SP).
Segundo Lajolo, também haverá atraso na contratação de professores e funcionários. Isso porque os pedidos feitos pelas unidades estão quase todos dentro da reitoria. Em média, a USP contrata anualmente 200 docentes e 300 servidores.
A reitoria afirma ainda que professores e funcionários não receberão nem horas extras nem gratificações que seriam pagas neste mês, pois foi necessário repetir a folha de pagamento do mês passado. Está suspensa ainda a emissão de diplomas.
O comitê de comunicação dos alunos afirma que o atraso dos processos não significa que eles não serão efetivados. "Não é porque estamos aqui há três semanas que as reformas, as contratações ou qualquer outra coisa não seja feita", disse Luís Fernando Branco, 21, membro do comitê e estudante do 2º ano de história.

Governador

O governador José Serra (PSDB) disse ontem que, "sem dúvida nenhuma", a invasão da reitoria da USP decorre de uma "partidarização de parte" dos estudantes do movimento. A declaração foi dada durante visita à Academia da Polícia Militar, no Jardim Tremembé (zona norte de SP).
Após a solenidade da PM, Serra foi questionado se considerava a possibilidade da partidarização e politização da ocupação na USP e respondeu: "Sem dúvida nenhuma, não da parte da maioria dos estudantes, mas sem dúvida há um grupo que tem motivação de natureza política e, alguns outros, até político eleitoral".
Serra, no entanto, não quis dizer quais partidos políticos teriam ligação com o movimento dos estudantes. "Ele quer tentar manobrar a discussão", disse Luís Fernando Branco, do comitê de comunicação dos alunos. "Claro que aqui há integrantes do PSOL, PSTU, PCO. Mas eles são minoria e não comandam nada."

Nenhum comentário: