22 de mai. de 2007

Texto: Marcelo Tas

Texto do comunicador Macelo Tas
retirado de:
http://marcelotas.blog.uol.com.br/arch2007-05-16_2007-05-31.html#2007_05-18_10_48_51-5886357-0

"Obrigado a todos que aqui compareceram para tentar entender a ocupação da reitoria da USP. Eu já tirei as minhas conclusões. São duas: uma animadora e outra desanimadora.


A desanimadora aponta que o conflito é o mesmo de sempre. Todo mundo quer ter "razão". Quando todo mundo quer ter razão, ninguém ouve ninguém. Donos da verdade brigam para ver quem grita mais alto. É uma coisa bem animalesca e infantil. Como retrata bem esse video (acima) feito por estudantes da POLI já de saco cheio de ter suas aulas interrmpidas por sindicalistas berradores sobre um trio elétrico. O triste da cena é que- por mais que os sindicalistas berradores demonstrem ignorância e desrespeito pelas pessoas- por seu lado os estudantes da POLI, legitimamente cansados da gritaria, reagem também com ignorância (traduzida na visão curta que o mundo se limita ao sucesso de suas aulinhas de Álgebra Linear) e falta de respeito.

Enquanto isso, a USP afunda.

Que outra conclusão eu tirei que me deixa animado, então?

É que, enquanto a USP afundava a olhos vistos naquela imensidão de grama salpicada de prédios de gosto duvidoso, ninguém falava nada!

Vivemos a era do ensurdecedor silêncio dos intelectuais. O máximo que conseguem fazer é abrir um institutozinho, via lei de incentivo fiscal, e faturar um extra com palestras, como faz FHC. Ou enfiar a cabeça na terra como uma avestruz que leu Spinosa, como faz Maria Helena Chauí. O abandono da USP é uma irresponsabilidade tremenda da "elite do pensamento brasileiro" que lá estudou e lá lecionou ou ainda leciona. Nada é feito. Nada é dito. Nada se move.

Por isso, vejo como extremamente benéfico o gesto do governador Serra, de cobrar mais eficiência e transparência da modorrenta e preguiçosa USP. Assim como vejo como extremamente benéfico o gesto dos estudantes que se rebelam, depois de anos de letargia, contra uma possívei interferência do estado na Universidade.


Well, então vocês vão dizer. Mas vocês é a favor dos dois lados? Não, de nenhum. Mas acho ótimo que os dois lados dêem demonstração de se importar com o destino da USP, que estava literalmente ABANDONADO.

Tenho afeto e gratidão pela USP. Lá estudei durante quase uma década. Na Politécnica e na ECA. Com direito a momentos preciosos na biblioteca da FAU-Arquitetura e no CEPEUSP- Centro de esportes.

Mas em todas as últimas vezes que estive lá no campus da USP nesses últimos anos (inclusive como professor convidado no curso de Audiovisual da ECA), senti um clima de terra arrasada, de grama tomando conta dos edifícios e do cérebro das pessoas (não me refiro à ECA mas ao clima geral da Universidade).

Portanto, o que me anima é ver uma pequena, mas muito pequena mesmo, possibilidade de que esse barraco acorde as pessoas para salvar a USP. Só que isso não vai acontecer da maneira como os ocupadores estão querendo. Culpando o governo Serra. Que tem a intenção de deixar o trânsito de recursos mais transparente e cobrar eficiêncida daquela Universidade. Coisa que eu concordo 100%. O que devemos discutir é de que forma isso deve ser feito para não existir, é claro, abuso de poder. Ou tirar a independência da Universidade. É a mesma discussão que agora ocorre em relação à TV Cultura. Esse momento poderia, e ainda pode, ser aproveitado para aperfeiçoamento. E não para a consagração da velha gritaria onde ninguém ganha nada.

Fica aqui minha modesta sugestão à ambas ou mais partes.
"

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu concordo nesses pontos também, o Serra poderia visualizar os gastos da universidade através da postagem destes na internet sem aumento de burocracias e mantendo a autonomia da universidade.
E ainda acredito que muito do que a universidade poderia melhorar, com produções, pesquisas e atração para financiamento/investimento, deveria partir dos próprios estudantes, afinal são eles também que fazem a universidade ser boa ou não. Vejo muita gente passando pela faculdade somente visando a sua carreira,as vezes nem assistem aula e ao realizarem seus trabalhos se esforçam o mínimo necessário...
Se querem melhoras no ensino superior que consigam isso realizando mais pela faculdade ao invés de somente reivindicarem soluções por falta de verbas...Se os alunos podem tudo isso com a greve, então acredito que podem fazer muito mais do que somente esperar por verbas do governo e melhoras provindas da reitoria